el sonido de los bermudas

27 junho 2007

Falando um pouco de você...eu te reconheço?


é quando buscamos notícia de alguém e nos dizem que ele ou ela já partiu desta vida. não sei se diria que mais triste ainda é sabermos que alguém ainda vive mas, ou nos recebe friamente, após tanto tempo sem notícias, ou apenas manda recado evitando ao máximo nova aproximação. agora penso: ou deixamos uma má impressão quando julgávamos ser amigos ou do outro lado está alguém que valorizamos sem o devido merecimento. isso é mais comum do que possa parecer.

e a vida vai seguindo. chegamos à era da informática. por este espaço virtual nos reencontramos algumas vezes com pessoas que estimamos, porém de quem não tínhamos notícias há muito tempo. eu costumo sentir uma felicidade imensa quando me reaproximo de amigos verdadeiros, por este meio. é como um renascer, um recomeçar com tanto para lembrar, para contar, para atualizar.

claro que a vida não é um mar de rosas, também nesta internet, ou apesar dela. sinto-me profundamente frustrado quando descubro o e-mail de alguém, corro a escrever, como a querer dizer-lhe da minha alegria por o ter reencontrado e pedir notícias, mas... ou me "respondem" com o silêncio, ou escrevem friamente uma só vez, a cumprir uma obrigação, e depois fazem questão de ignorar o velho amigo, ainda que tenhamos estado juntos em tantas aventuras, em tantas missões, em tantas alegrias.

dói, realmente dói este tipo de decepção, mas passa. afinal, como dizia o nosso poetinha vinicius, amizade não se compra, se reconhece... chegamos às vezes a conclusões como esta: valíamos para alguém pelo cargo que ocupávamos, ou pelas demais amizades que tínhamos, ou até porque éramos o "trouxa" que gostariam de ver pelas costas tão logo fosse possível!! a vida acaba dando esta oportunidade.

experiências desagradáveis e não menos decepcionantes é quando pessoas "esfriam" o relacionamento por divergências em, digamos, debates sobre política, sobre religião, etc. afinal, discordar faz parte de qualquer discussão ou conversa democrática o que não implica entretanto em aceitar os argumentos de quem de nós diverge, mesmo sendo aquele ótimo amigo. a recíproca é também verdadeira, lógico.

mas, daí a silenciar, como que colocando a amizade no "freezer" de um julgamento precipitado e até meio rancoroso. por mais acalorado que seja um debate de idéias, de conceitos, de opiniões, uma amizade verdadeira, forte, autêntica, desinteressada, com raízes no coração, jamais se deixa abalar por divergências.

nesta internet há aqueles que chegam e ganham logo a nossa simpatia. trocamos experiências, informações, etc. de repente, sem mais nem menos, estes somem. parece que ou acharam amizade melhor ou nosso papo não os interessou, assim preferiram nada dizer. outros chegam e ficam. persistem, comentam nosso trabalho, falam sobre suas vidas, pedem até sugestões e conselhos, mas permanecem conosco. opa maravilha!

uns vão outros vêm, isso dentro e fora do espaço virtual. o importante, porém, é vermos os que são amigos há tantas décadas, que nos reencontram, acompanham nosso trabalho, também debatem conosco, de vez em quando, em temas políticos ou religiosos, e jamais misturam as coisas. colocam cada uma em determinada prateleira de seus corações, mantendo a amizade, entretanto, intocável, no front do relacionamento.

é para vocês, amigos fáceis de serem reconhecidos, presentes nas horas alegres e nos momentos mais difíceis, para vocês que sabem ser tolerantes quando é necessário, que sabem perdoar quando é preciso e merecido, que estão sempre com a mão estendida, que escrevo este post.

nunca desistirei de ter amigos, mas é prudente nunca tentar mantê-los se a recíproca não se apresenta como verdadeira.

18 junho 2007

2107

daqui a cem anos, não importará o tipo de carro que dirigi, ou tipo de casa em que morei, quanto tenha depositado no banco, nem que roupas vesti. mas o mundo pode ser um pouco melhor porque eu fui importante na vida de uma criança.

"Brincar com crianças não é perder tempo, é ganhá-lo. Se é triste ver meninos sem escola mais triste é vê-los sentados, enfileirados, em salas sem ar, com exercícios estéreis à formação do homem-cidadão".( Carlos Drummond de Andrade)

04 junho 2007

como num dia qualquer...

alheio ao que o rodeava, um terceiro som persistia. se fazia ouvir como se fosse um misto de memórias. talvez insano.
na busca pela distinção entre alternativas válidas , n.d.a.'s, todas as anteriores, e principalmente as corretas, pisava e passava por cima das folhas como se tivessem caído de imensas árvores. o cenário não poderia ser melhor. estava jogado, se debruçando em busca do conhecimento, revirando antigas questões, aprofundando suas bases para um futuro brilhante.
saberia exatamente o que fazer quando fossem testadas suas habilidades. o filme das tardes, inúmeras, em que estivera desenvolvendo o modelo, o projeto, as asas.
vivera sonhando. e sonhava acreditando. um dia, como num dia qualquer, seu dia chegou. viveu a vitória. e era impossível de acreditar.
ali estava, o homem agora sobre asas, não parava de rir. era o preço a se pagar. belas risadas eram ouvidas por aqueles descrentes. riu por último. era esse o terceiro som. o vento, o espanto, e as risadas.
vôou pra longe.