el sonido de los bermudas

02 maio 2010

O romance está morto

A juventude... nós, eles, aquela espécie esquisita, sempre indignados com o mundo e bravos consigo mesmos. Depois que os desenhos na TV perdem a graça, o que vêem pela frente é o chato mundo dos adultos (aqueles que saem todo dia pra trabalhar e depois desabam no sofá depois de tentar colocar a casa em ordem). 

Os jovens.. o mundo é deles. Sabem o que querem, podem, fazem. Descobrir que não há mais cordão umbilical é o fato que muda sua história, e a sua história é a história de toda a humanidade. Não importa o que veio antes, quantas bilhões de pessoas já viveram aqui, já experienciaram seu primeiro beijo, já viram um pôr-do-sol, já se machucaram por amor. Eles se perguntam qual a importância de Napoleão na sua vida, ou da civilização Azteca? Nenhuma. Nenhuma mesmo!
O centro é o seu umbigo, agora sem cordão. Descolado, ele escolhe o que entra e sai. 
Eles tem orkuts, facebooks, 563.6934 amigos online no msn, colocam frases bacanas no twitter.
Mas não há romance nisso tudo.
Música serve pra fazer ringtones. Roupa é pros outros verem. Corpo tem um formato certo.
Eles se reúnem na rua, com os casacos de surf, tênis de skate e boné de aba reta. Minissaias e all-star de estampa xadrez.
Mas não há romance ali
Pensam que só porque beberam algumas latinhas podem agir como canalhas. Levam a mente e o corpo até o limite, só pra ver até quando o motor agüenta. 
Falta romance. 
Mas não daquele romance do homem conquistando sua amada. Não o romance meloso, que também falta, mas deveria ficar entre quatro paredes.
Falta o pensamento romântico, aquele de Martin Luther King, de sonhar com um lugar melhor pra todos. O romantismo de John Lennon, de imaginar um mundo melhor, de sermos irmãos, de se levantar e enfrentar a injustiça alheia. Falta o romantismo nas palavras, nas escolhas. Aquele da não-violência de Gandhi. O romantismo que vê o trabalho humano atrás de cada objeto, e a criação de Deus em cada pessoa. Falta a ideologia de viver com princípios, respeito às mulheres, respeito a opiniões diferentes, falta honra, falta palavra. Viver fora disso é fácil, assim como o só falar e não fazer, o maior perigo dos idealistas. Morre o romance e vão nascendo monstros.
O jovem quer, pode, faz. O mundo é mesmo deles, é nosso. O que torna o futuro sempre um lugar perigoso.