el sonido de los bermudas

24 novembro 2007

O terrário

-Pai?
-An? Sim, filho?
-Acorda, está na hora! Voce prometeu me mostrar os quatro cantos do mundo! Eh hoje, vamos!
-Ta bom, ta bom. Deixa eu me ajeitar na concha.
O pequeno caramujinho estava enérgico. Seu pai espreguiçava as antenas enquanto mamãe caracol preparava seus lanches. Mal podia esperar pelo dia à frente. As aventuras, que o aguardavam, os mistérios, criaturas exóticas, sensações novas agora cada vez mais perto de seus sentidos!
-Vamos logo pai!
Em pouco mais de duas horas, papai caracol mostrava ao filho, orgulhosamente, os quatro cantos do mundo: o que tinha a pedra, casa dos tatu-bolas, o que tinha o pé de tomatinhos e as formigas, o terceiro, que tinha um laguinho, e o quarto que tinha um gostoso banco de areia. Era o que cabia naquele terrário de 1m x 0,5m que enfeitava o canto da sala de estar. O mundo agora revelado, porém, ficou aquém das espectativas do pequenino molusco.
-Mas pai..
-Que é filho?
-Se esse é o mundo, o que é o universo? Que é isso tudo que vemos lá longe, do outro lado desse vidro?
Era realmente intrigante: a aparente insignificância do terrário, cercado de monumentais incompreensões.
-Bem, meu filho....é de lá que vieram as forças que criaram esse mundo.
As palavras só conseguiram ir até aí... não achou que podia explicar o que sentia, nem que o pequeno entenderia. o "la fora" era um grande composto de tanta energia que só o que se via eram formas, cores e movimentos sem sentido. e de qualquer forma, seria uma explicação parcial, porque a outra parte também desconhecia.
Ambos ficaram algum tempo ali paralizados, como se pudessem tocar com os olhos a arquitetura do universo, como se tentassem se transportar mentalmente para aquele lugar magnífico.
-Pai, lá fora é como nas estórias encantadas que se contam para as crianças?
Nunca tinha pensado nisso. Provavelmente o pequeno estava certo, e tinha compreendido tudo de um jeito que ele esquecera como fazer, porque não era mais criança. Talvez esse fosse o motivo para se criarem estórias de princesas e dragões, de reinos mágicos, escolas de bruxaria, guerreiros invencíveis. A tampa que fechava o terrário estava ali, irremovível. e todas essas estórias tentaram, no mínimo, esconder o fato de viverem num mundo tao pequeno e limitado. Aí, se lembrou de quando era pequeno e seu pai lhe contava histórias antes de dormir: o fantástico extravasava das histórias e lembrou-se de como era bom adormecer em meio a um mundo de fantasias, sem limites.
-É sim, filho. É até melhor do que nas estórias.
-Nossa! e quando vamos pra lá?
Mal prestou atenção na pergunta. Só o que pensava era que aquela noite, com certeza leria um bom livro para o filho antes de dormir.
-Está ficando tarde, sua mãe deve estar preocupada. Vamos voltar pra casa, ta bom?

17 novembro 2007

caracolis!

A carta cai do carteado
cada carta uma cara,
cada cara um karma
cada olhar um recado
cara, coroa, a vida eh cara
caramba um absurdo!
curta a curta vida, viva curto
cara a cara, cara no muro
cada curva, quero tudo
quero o caro e o caroço
o carro e a carroça
quero correr e cambalhotar
cata-lixo cata-treco
cata-vento cata-tau
cata-pulta craaac puuuushh
cada carta descartada
escaravelhada nas catacumbas
dos cabelos calvos
dos caras de camelo,
de cachorro e de cavalo,
escombros em cairo
do caribe com um carreira
a caracas com um kadete
curtindo, contido, cada cent
escrevinhando, cabeçando
contos, causos, companhias
curtindo...
curta, eh curta
eh

09 novembro 2007

O zumbi

Acordou.
De um sono profundo e infinito.
A lua repetia a luz do astro rei, que encostava seus primeiros dedos de luz no cemitério.
Sem um porquê, ergueu-se acima da terra que o sepultava, pos seu putrefato corpo em movimento, andou sem coordenaçao e sem sentido. Achou-se entao na cidade cambalejante.
As mães cobriam os olhos do filhos, inocentes, sem pensar porque. Alguns meninos atiravam-lhe pedras e gravetos, depois saíam correndo sem saberem bem porque o faziam.
Dois jovens de boas intenções vieram, sorrindo, recepciona-lo como quem recebe um velho amigo, sem se darem conta do porque de sua falsidade descarada.
Engravatados ajeitavam seus ternos de encomenda ao perpassarem-no, sem saberem porque se exibiam a um zumbi.
Uma criança escondeu seu pirulito da visão do homem-cadáver, uma velha senhora, sua bolsa, empinando o nariz enrugado no rosto coberto de maquiagem.
Logo em seguida chegaram as autoridades de distintivos e armas. Sem entender porque, os olhos do finado se fixaram nas armas. Olhar esse que o condenou sumariamente às algemas. O oficial nao entendeu porque era tao dificil se aproximar do suspeito de aparencia horrenda.
Sem pensar em nada, o zumbi alcançou, letargicamente, a arma do policial que o prendia. E aí armou-se o circo: até helicóptero apareceu para xeretar.
Sem saber porque, o morto-vivo obedeceu à sua única vontade: levantou a pistola até o queixo e puxou o gatilho.
PA

O instante exatamente antes da explosão foi de um sentimento de vida intensa, finalmente morreria! deixaria de vagar, a tentar entender as coisas, e todos os porquês desapareceriam! mas logo estava morto-vivo de novo.
foi como um flash na escuridão, o tiro na cabeça. mais um porquê explodiu: não podia se dar à gloria da morte, e tambem não podia viver uma vida.
Percebeu-se preso nessa semi-vida sem sentido, em que todas as respostas se escondiam mesmo daqueles que não tem mais nada a perder ou a procurar.
Virou as costas, e foi embora. E ninguém perguntou porque.

06 novembro 2007

Estação Suburbana

Ao som de uma aquarela sonora por onde passo vejo lugares lindos pela janela....

Um convite ao som da noite de chuva, onde só você vê o que ninguém mais vê.

As notas músicais trilham em sua alma como um trem d’queles bem confortáveis.

O coração embarca nessa de viajar pela música.

A estação esta ao sul, longe de tudo, território misterioso de areia movediça.

Suburbana prestes a ceder. - Meu coração ta nessa de viajar pra voltar nunca mais.

Viajando, viajando, viajando...

O tempo não passa... De volta ele pega o embalo e vai, vai, vai...

A chuva lava os olhos vestidos de momentos inesquecíveis, a música cada vez mais serena e suave...

A locomotiva é o tempo - senhor da verdade, os pilotos são à vontade e a coragem, as notas musicais são energia, a alma são os trilhos, os olhos são passageiros.

Passando pelos túneis dos sentimentos mais desconhecidos, e sem destino ele chega à estação suburbana.

-A viagem sem destino da sentido a essa vida que vo levando correndo atrás do que é “bão”!

-Quando olho no meu relógio de pulso não vejo mais os ponteiros, vejo lugares e rostos.

-Na estação suburbana vejo um senhor de costas, olho no relógio e vejo seu rosto.

-Surpresa! Senhor das Oliveiras.

A música acelerou, tomou o embalo de um foguete espacial... No relógio agora só chuva.

O trem vai....vai...vai....vai..........vai.................vai......................vai..............................vai...

05 novembro 2007

jardim verde deserto

Olho em volta sem ver sentido! Penso no mundo com os olhos fechados e acordo como num susto.
Faço sem saber o por quê.
É pensar que talvez exista a chamada "inesperança". Onde as batidas já não tem ritmo, e os tecidos são "incoloridos". Com estradas esburacadas, e retornos não trafegáveis. Nos corações sem vida, reina a "inesperança"!
Em meu jardim verde deserto, todos vestem os seus disfarces. Contradições, mentiras e verdades.
Como vou te conhecer e saber se você é viva? Perguntas sem respostas, lugares perdidos, pessoas indisponíveis.
Hoje quem não tem vida, com corações quebrados, vestindo seus disfarces, nos olham e sorriem.
Ausência de sentido, ausência do racional, será que você nunca reparou?...........
Na tela, no canto inferior, os meus 50 de life?

01 novembro 2007

Loop Infinito


#include stdio.h
#include stdlib.h
// Para termos uma ideia de como um LOOP Infinito acontece

// nao precisamos ir longe, basta analisarmos o cotidiano
// da nossa sociedade para ver como as coisas nunca andam.
int main(void)
{
int resp;
for (;;)
{
printf (”\n Bem vindo, o que deseja? \n\n (1) Conseguir um emprego \n (0) Sair fora do sistema em que vive “);
printf (”\n : “);
scanf (”%d”,&resp);
if (!resp)
break;
switch (resp)

{
case 1:
{
printf (”\n Ola amigo, vamos ser claros, voce pode ate”);
printf (”\n nao saber para que serve um include, eu so “);
printf (”\n quero o mais importante, voce tem referencia?\n”);
printf (”\n (1) Sim \n (2) Não \n : “);
scanf (”%d”,&resp);
if (!resp)
break;
switch (resp)
{
case 1:
{
printf (”\n O sistema não perdoa amigo”);
printf (”\n Otimo, voce vai comecar a me gerar custos”);
printf (”\n apartir de agora, escolha sua mesa e fique”);
printf (”\n avontade.\n\n Temos algumas regras:\n”);
printf (”\n (1) Quando voce cansar de ficar olhando”);
printf (”\n o monitor, nao tem problema, pode andar”);
printf (”\n pela empresa, acabar com o cafe, entupir”);
printf (”\n o banheiro ou ficar falando da vida das outras pessoas.\n”);
printf (”\n (2) Quando voce se interessar por algo”);
printf (”\n voce pode ir perguntar aos programadores”);
printf (”\n da empresa e atrapalhar o progresso deles”);
printf (”\n no desenvolvimento do sistema\n”);
printf (”\n (3) Caso nenhuma das opcoes lhe agrade,”);
printf (”\n fica consumindo a nossa banda no MSN\n”);
printf (”\n\n > Boa a sorte!\n”);
exit(1);
break;
}
case 2:
{
printf (”\n Otimo, mesmo voce tendo bons conhecimentos “);
printf (”\n e vendo que voce so iria “);
printf (”\n somar forcas no nosso desenvovilmento “);
printf (”\n\n > Voce nao tem referencia, um dia eu te ligo\n”);
break;
}
default:
{
printf (”\n Voce sabe ler amigo? \n”);
break;

system ("pause");

}

}
}
}
}
}