el sonido de los bermudas

29 agosto 2007

Julho de 2007

Na terceira semana de julho eu fiz uma pergunta a um sábio homem, o senhor das Oliveiras.
Afinal, o que influência o mundo à nossa volta? É aquilo que de fato queremos e amamos, ainda que agente não admita? Por exemplo, muitas vezes dizemos que só queremos ser felizes!
Ao que o sábio homem me respondeu:
“Você deve ser cauteloso com o que deseja, pois você não pode mentir em vão para si mesmo.
Quando não somos honestos a respeito do que queremos na vida, machucamos aos outros, e sobre tudo a nós mesmos.
Pense claramente no que mais deseja. Para você, o que é que realmente faz a vida valer a pena? O que é que você de fato quer fazer com o tempo limitado que dispõe?
Qual é a marca que pretende deixar no mundo?"

27 agosto 2007

A Estrada da Minha Vida (ASSARÉ, Patativa. 1909 - 2002. Aqui tem coisa.)

Trilhei na infância querida
composta de mil primores
a Estrada de Minha vida
ornamentada de flores,
e que linda estrada aquela!
sempre havia ao lado dela
encanto, paz, beleza,
desde a terra ao grande espaço
em tudo eu notava um traço

do Pincel da Naturezaa
(...)
O sol quando despontava
convertendo a terra em ouro
em seus raios eu notava
o mais sublime tesouro,
e de noite a lua bela
era qual linda donzela
de uma beleza sem fim
a sua luz prateada
tinha a cor imaculada
das vestes de um querubim
(...)
E eu seguia o meu caminho
sempre alegre e sorridente
balbuciando baixinho
minha canção inocente
e enquanto sem embaraço
eu transpunha passo a passo
os tapetes da Campina
no centro da espessa mata
as águas de uma cascata
cantava ao pé da colina

Nesta viagem de amor
nada me causava tédio,
tudo vinha em meu favor
pelo divino intermédio
mas a torpe sedução
qual fera na escuridão
manhosa, sagaz e astuta
atirou sem piedade
sua seta de maldade
contra minha alma impoluta

Desde este dia maldito
tudo tornou-se contrário,
foi se tornando esquisito
meu luzente itinerário,
segui pela minha estrada
como a folha arrebatada
na correnteza do rio,
entre a grande Natureza
tudo quanto era beleza
apresentou-se sombrio
(...)
Qual o peregrino sem fé
atrás de um santo socorro
um dia cheguei ao pé
do mais altaneiro morro
e subi pelos escombros
levando sobre meus ombros
um fardo de paciência,
depois de grande obstáculo
galguei o alto pináculo
do monte da decadência


Na mais horrível peleja
vivo hoje em cima do cume
onde a brisa não bafeja
e as flores não tem perfume,
a vagar triste e sozinho
sem conforto e sem carinho
na solidão do monte,
não ouço o canto das avez
nem o sussuro suave
das lindas águas da fonte

No deserto desta crista
ninguém consola meus ais,
fugiram da minha vista
as belezas naturais,
a luz do sol é tão baça
e a luz pelo céu passa
desmaiada e já sem cor
e as lanternas das estrelas
procuro e não posso vê-las
é meu triste dissabor

14 agosto 2007


Um político esmurra outro na cara.
Os ossos se encontram, duros, quentes.
Ele arreganha os dentes.

Dois cachorros brigam até a morte.
Eles gritam e rosnam.
Meninos tiram a sorte.

Um homossexual é morto a marteladas, na rua de trás.
Bang. bang. bang. bang.
Ele implora. já não implora mais.

Uma mulher é estuprada e morta num parque.
Ninguém a ouve essa hora.
Ela grita e chora.

Dois carros se chocam.
Ferros e vidro penetram na carne.
A um é dado a vida, ao outro a morte.

Um bebê é jogado na lata do lixo.
Logo acaba o ar..
Não pode mais respir....ar..


Violência

Violência



Violência




Violência





Violência

10 agosto 2007

CuBiSMo da aLMa

Se houvesse uma tesoura capaz de me fazer em pedaços que fossem a parte e o todo ao mesmo tempo, mandaria minha cabeça e a mão direita para serem médico, e estudar e aliviar sofrimentos. O braço esquerdo seria bombeiro, As pernas sairiam a conhecer o mundo. Tambémuma mão seria designer, a projetar soluções e invenções esbeltas. O cérebro ia ficar mergulhado em solução concentrada de conhecimento, a descobrir soluções para todos os problemas do mundo. As minhas asas, ficariam ao longe, observando o movimento na rua, entre os continentes, entre os planetas. As orelhas, eu deixaria uma no jardim de infância, outra com cada amigo, outra ligada no ipod e uma com uma rolha - porque sem o silêncio não existe som. Até um dedo meu eu daria ao presidente, visto que lhe falta. Mas não do dedo que ele recebe com as vaias. O dedinho mesmo - já que deve-se amara até a quem não te agrada..O coração aos poucos eu o soltaria, cuidando para não deixá-lo absorver qualquer mágoa no caminho, porque é danado como criança, que pega tudo que vê pela frente. Até que um dia encontrasse aquela uma rapariga a quem dedicar cada batida, plena e incondicionalmente, e brigar por causa de pasta de dente. Um pulso teria o relógio, o outro contaria o tempo com as pulsações mesmo, e é neste em q confiarei mais, sabido de onde lhes vêm. E o dia em que este parar de contar, o outro não terá mais função, já que serei um só de novo, com a funçao única de ter existido um dia, e nao mais.

03 agosto 2007

Ela não pagou a passagem!

O sistema de tranporte público de São Paulo é, sabidamente, um caso sério. Mas agora está passando dos limites!
Outro dia quando ia tranquilo e contente para a 9 de julho, 8 horas da noite, encontrei um passageiro ilustre no ônibus. Vou contar o que aconteceu:
ônibus cheio, aquela alegria, passei a catraca e fui para o fundo, perto da porta. Havia algumas pessoas em pé e, no entanto, um banco vazio (que em determinadas horas do dia valem mais do que dinheiro!). Uma moça cheia de bolsas vinha atrás de mim e logo insinuou a tomada do assento para si com o típico jogo-de-corpo na galera e aquela fitada geral para ver se haveria algum concorrente à vaga. Ao encostar do lado do lugar vazio, dois homens a encararam: "Esse lugar tá com barata!" disse um deles, abrindo um sorriso igual ao do burrinho do Shrek. A dona hesitou por dois segundos. "Eu não tenho medo de barata". Ao que o outro cara respondeu "Foi o que nós dois dissemo também!" O primeiro ainda levantou a blusa e comentou com o do lado, procurando: "To até encismado de estar levando uma pra casa, rapaz!" Eu entendi os sorrisos que vi naquela hora como aquela única alternativa que restava. É rir pra não chorar mesmo.
Descaso
Um dia estava em casa e seres humanos começaram a me importunar e a ameaçar meu ninho. São uns folgados mesmo. Apareci e espantei os dois primeiros. A terceira foi uma mulher gorda cheia de sacolas. Um cara com sorriso igual do burrinho do Shrek ainda avisou, mas ela nem ouviu e dormiu e não acordou de jeito nenhum! Só de raiva botei alguns ovos no sapato dela.
O sistema de habitação dessa cidade é um caso sério. Mas agora está indo além dos limites!

02 agosto 2007

um mês

um mês que passou.
e ele viajou durante esse tempo.
foi até o espaço e voltou. foi até ali e voltou.
visitou cidades, países, arquipélagos. mundos conhecidos e desconhecidos.
parou por um tempo também. tinha tantas opções que achou melhor estacionar.
queria achar um lugar que pudesse ficar sem preocupação. e feliz.
não achou o perfeito. o que encontrou foi a vontade de conhecer mais e mais.
era sábio, não se desgastou. fechou os olhos, respirou fundo. sabia que outro mês viria pela frente. e com ele, um milhão de possibilidades.
e também, talvez sua infinidade de escolhas rumavam a um único caminho.
caminho que há tempos já estava traçado.