el sonido de los bermudas

22 dezembro 2010

da SUJEIRAWIKI à sua e minha vida.

O cara, o Assange, consegue de um “amigo de um amigo meu” milhares de documentos, e-mails e ofícios do "banco de dados" da diplomacia norte-americana. É logo em seguida preso por “estupro-consentido-à-sueca”. É preso não quem sujou, mas quem mostrou que estava tudo sujo. (Como diria a velhinha: - Quiboooooom!)

Nos documentos, o que se vê, é o que se espera. (ou o que eu “espero”). É a famosa, com o perdão do termo, filha-da-put$%¢# que rola de baixo dos panos.

Aquele e-mail que você manda para os seus amigos tirando sarro do seu chefe “desgraçado” que só quer te explorar, ou daquele outro companheiro de trabalho que “se acha” e não nunca faz nada. Sabe aquela conversa no MSN, lascando o pau no seu vizinho “barulhento”, ou naquela amiga falsa que vive dizendo que te adora. É isso. Só isso. Só SUJEIRA. Que fica escondida por trás dos anúncios oficiais, dos encontros presidenciais, dos congressos onde todos riem frente as câmeras e apertos de mão, ou também das cuidadosas notícias de jornais, sempre polidas em direção dos interesses superiores de quem de fato manda. É secretário falando que presidente é caduco, pressão para definir quem deve ser preso e quem deve ser solto, pressão por receber bem aquele chefe de estado deposto, mas no fundo querer que ele seja assassinado, e muitas e muitas revelações e esclarecimentos a respeito da sujeira que jaz o mundo em que vivemos, sujeira que existe desde o presidente dos EUA até a sua pessoa e as relações que você vivencia, sujeira que algumas pessoas não gostam da idéia dela existir.

Ao contrário preferem acreditar num mundo em que todos mendigos o são porque querem, que todo miserável o é porque não estudou e merece, que todo país em guerra civil assim está porque são vagabundos que tem preocupações fúteis e não o trabalho. Preferem acreditar que todas as pessoas que se deram “bem” (bem para elas) conseguiram por méritos. E os que se deram mal, se deram por deméritos pessoais. QUE MUNDO JUSTO E IGUAL DE CONDIÇÕES É ESTE QUE NOS APRESENTA, não é mesmo? Afinal, todos começamos do mesmo ponto de partida, não? Não! Não!NÃO MESMO!

Ainda que tudo que o “Wikileaks” apresente seja falso, isso não importa. Só de fazer você pensar em como as coisas podem não ser como parecem ser, e como podem existir pessoas querendo manipular o quê e como você deve ficar sabendo das coisas, e como você deve pensar, isso já é o bastante. Já é extraordinariamente útil para você pensar que tudo tem um porquê!

Não dê valor ao trabalho, mas ao trabalhador, à vida, à pessoa. Não dê valor ao dinheiro, mas ao sentimento de alcançá-lo por um motivo altruísta.

A vida passa mais rápido do que seu cartão de crédito possa acompanhar. Não a desperdice com trabalhos egoístas e com coisas compráveis. Ela não tem preço e é muito valiosa.

23 novembro 2010

tudo parado!



"obviamente uma tal convergência de estradas correspondia uma grande concentração de tráfego. a intensidade deste chegava a provocar problemas de trânsito na capital (...). o poder público baixava atos que restringiam e disciplinavam a circulação de tropas de burros, cavaleiros e carros de boi pela cidade. (...) não havia dia em que não se vissem as ruas, mesmo as mais públicas, obstruídas de carros e de animais por todos os cantos. é raro o dia em que não sejamos testemunas das disparadas de bestas pelas ruas, levando rastros de cangalhas ou cargas ao trambolhões pelo meio do povo, com grande risco de vida das pessoas que trabalham" (Correio Paulistano, 1854)

é, tinha rodízio, proibição de veículos de carga em determinados trechos, atropelamentos, trânsito.
há mais de 150 anos. e nada resolvido.
são paulo tá lascada (e será) desde sempre!

10 outubro 2010

me desopera


deitado na cama cansado, cortado, gorfado
não aguento mais essa dor
mais um dia perdido na minha vida
pq vc nao me disse nada disso seu merda de doutor

e ainda me dizem que a medicina te ajuda
te levanta, te trata, nao mata, te cura
e quando eu paro e me encaro na frente do espelho
nao reconheço que monstro virou meu joelho

depois toma remédio de hora em hora
na boca só o gosto de cocô com amora
com a perna depilada dizem: - é vaidade
não gosto de lembrar da hora das necessidades

nao caia na armadilha quando o doutor te disser:
opere essa perna, fique melhor do que é!
agradeço a minha familia por tudo o que fez
cuidar tanto de mim durante a invalidez

aprendi duras lições ao longo deste tempo
vomito, febre, dor e um sangramento,
dreno, papagaio, medidor de batimento,
mas tudo se resume a uma: arrependimento!

me 'desopere', doutor por favor!
me 'desopere', doutor por favor!

(composição feita qdo ainda enfermo, coxo, no leito de dor....auhauha! e ainda que pareça mto depressiva, fiz rindo! agora então, tudo sussa!!!)
(quem tiver afim de entender, além do davi que já manja tudo, dá uma olhada http://www.youtube.com/watch?v=zCRCH5dhKq0)

22 setembro 2010

Eleições 2010


- Eu vou acabar com os ricos. Inclusive comigo mesmo!!!




- Não chora companheira, a Dilma sabe fazer melhor do que você a politica: "Pão e Circo".
- A economia está indo bem, teremos pão e os palhaços também.



- Eu e minha super equipe vamos fazer desse país, coisa de outro mundo!



- Como a sua mãe, a Vânia sua mulher também....E não estou mentindo!!!



Viva o Brasil \O/

31 agosto 2010

Óleo em tela

O mundo para ele era um mistério. Apesar da idade ainda se intrigava com as pessoas e o seu caminhar nessa terra de surpresas e de Destino. Mas a visão que tinha das coisas ao seu redor não era nada clara, e sim como uma grande pintura impressionista. E era só assim que sabia ver o mundo.
(De fato, como toda obra de arte a realidade também esconde detalhes dos mais sutis que, antes da tinta, do pincel e da mão do pintor, tinham estado no coração de um artista.)
Descendo pela plataforma da estação de trem, os vultos coloridos e borrados iam de la pra ca e criavam sombras compridas no chão, nas quais evitava pisar por diversão. Um trem chegou e fez tudo tremer. O gigante de metal rendia compridas pinceladas paralelas e pontos reluzentes carregados de tinta branca. Era tanta tinta que quase se podia ouvir com os olhos o som pesado do maquinário enquanto o trem parava. As portas se abriram e os borrões coloridos saíram dos vagões para a entrada dos outros que aguardavam ali fora, e o que eram vários vultos agora se mesclavam pra formar uma grande massa de cores se misturando na sua frente.
Assim que o trem partiu em velocidade, tornando-se o borrão acinzentado magno, ele percebeu uma forma do outro lado dos trilhos. Uma criança no colo da mãe e, para sua surpresa eram a imagem mais nítida que ja vira na vida. Ela se atrapalhava com as bolsas e o menino no colo e aceitou a ajuda oferecida por ele, que se se aproximava daquela imagem tão fina. "Como é o nome dele?" tentou começar a conversa, "É Henry" respondeu a mãe. E começou a contar a história do menino desde seu nascimento, motivo de tanta alegria na família, até que vieram os primeiros sintomas, as visitas a vários doutores diferentes, o diagnóstico da doença rara e a mudança da rotina no seu salão de beleza para um cuidado integral ao pequeno Henry. "Estamos indo ao médico hoje, acho que ele está melhor!" E fez um carinho especial no menino que respondeu com um sorriso e alguns movimentos espásticos, dos quais a mãe pareceu se orgulhar. 
Pensou que aquela mulher tinha nos braços um filho que precisaria dela para o resto da vida. Abriu mão do salão de beleza com que tanto sonhou e se empenhou, e ali estavam os dois em meio àquela estação de tinta passada em traços corridos e imprecisos. Aquela mulher tinha nos braços o que todos em volta pareciam deixar em pincéis grossos e cargas exageradas de tinta. Então ele entendeu porque via seu contorno tão rico. Ela tinha achado seu sentido pra vida.

20 agosto 2010

?hay amor?


só algumas horas, alguns minutos e logo você percebe como eles são sofridos.

a gente não precisa sair do Brasil pra ver gente miserável. a gente não precisa sair do nosso bairro, seja ele qual for, rico ou pobre, para ver pessoas marginalizadas. só precisamos ir até a próxima esquina ou andar alguns quarteirões e até lá você verá uma criança, um velho, uma mulher, uma família em condições subhumanas.
na Bolívia eles tem ainda menos. pobreza nas cidades. pobreza no campo. pobreza em todos os cantos.
nós vemos tanta riqueza no Brasil que parece que em nossas cabeças, vamos organizando as coisas num equilíbrio que julgamos ser o "normal": muitos com muito e muitos com pouco. "- e é assim".
na Bolívia todo mundo tem pouco. ninguém tem nada. (lógico que existem alguns bolivianos endinheirados, mas eles são raridades e não por menos parecem se esconder).

pq eles não tem as mesmas condições que vc e eu?
a resposta "lógica" disso passa pela história econômica do mundo e da Bolívia.

a pergunta que a gente deveria tentar responder é pq ainda tanta gente sofre no mundo e nós só assistimos?

Janela para o amanhã

A luz acordou o homem, que tinha a impressão de ter acabado de pegar no sono. Sabia o motivo dessa insônia que também dominava o resto do grupo e talvez a milhares de outras pessoas que também presenciaram os acontecimentos da última semana. 

Ele lembrou mais uma vez de tudo e fez esforço para ter certeza de que não foi somente um pesadelo, de que tudo na verdade estava bem. Não.. com os olhos inchados, olhou para os companheiros dormindo ainda sentados, como se tivessem estado vigilando à espera de algum milagre a noite toda.
Sabia que não conseguiria mais dormir e se levantou para verificar os amigos. Pedro saía bem cedo e ninguém o via quase o dia inteiro, e tinha sido assim desde a última noite de sexta. Os outros ainda dormiam desamparados e com o semblante caído da noite anterior, em que os prantos haviam criado uma atmosfera tão friam mas ao mesmo tempo de grande união entre eles.

A situação o fez lembrar de quando era pequeno e numa manhã de domingo como aquela, seu pai havia saído de casa enquanto filho e mãe dormiam para nunca mais ser visto. Aos sábados ia à praia e ficava sentado junto aos barcos de pesca na espera de avistar a madeira avermelhada do barco do pai surgindo no horizonte. Esse era o seu período sabático, que diligentemente realizou como um hábito, até completar seus 13 anos, quando decidiu colocar uma pedra bloqueando todas as lembranças daquele homem que o ensinara a pescar, a tecer a rede, a ter paciência, a navegar mas que, sem qualquer explicação, os abandonara.
Sentado na beira da cama, pensou em ir à praia como quando era criança e deixar todos os seus pensamentos à deriva. 
Quando ia passar pela porta vem correndo Pedro e entra junto com João, e mal conseguiam falar. Alguma coisa tinha sumido e os panos brancos...Alguns acordam com a agitação e nisso entra Madalena gritando que tinha visto o Mestre. O Mestre... Agora todos já estavam despertos e espantados com o que ouviam daqueles homens e mulher.
Madalena já tinha ficado cara a cara com a sombra gélida da morte e sua eterna gratidão era pelo homem que mudou seu destino apenas com palavras. O Mestre havia perturbado a ordem de toda a sociedade realizando atos como este. Havia surgido de baixo, mostrando uma sabedoria amorosa e paciente, havia realizado curas além de qualquer medicina conhecida e demosntrações de um poder sobrenatural que há séculos o povo não via, mas sabiam de sua existência pelos livros. Seu fim foi como de qualquer insurgente. Seu fim foi fatal.

Para o homem, a história que Madalena contava e repetia muitas vezes parecia invenção de uma mente deseperada para fugir da realidade.. O Mestre tinha partido. Não deveria permitir que uma esperança tola assim o frustrasse. Alguem provavelmente havia roubado o corpo do Mestre.
Deixando o rebuliço para trás, vestiu-se com a capa e saiu para caminhar até a praia. Ao voltar encontrou um tumulto ainda maior dentro da casa. Havia outros ali reunidos e todos tinham um brilho de esperança no olhar, do qual ele não conseguia compartilhar. Haviam visto o Mestre! No fundo do seu coração bateu um velho sentimento reprimido, que ele conseguiu bloquear mais uma vez. Não... era possível todos estarem enlouquecendo? Tinham visto coisas inexplicáveis, e agora usavam isso pra tentar apagar a tristeza da separação.
Ninguém ali entendia de separação como ele. E lutava com o sentimento lá no fundo.

Alguns dias depois enquanto comiam a portas trancadas por causa da perseguição, lembravam da semana anterior, quando um pão como aquele lhes era entregue pelas mãos fortes do Mestre. 

Depois de se abaixar para recolher uma migalha, uma mão oferecia o pão ao homem que colocava pedras sobre esperanças. Uma mão grande e marcada por uma cicatriz não merecida. Era ele, o homem barbado que mostrava um sorriso sereno era o mesmo que havia estado com eles nos três últimos anos mudando todos seus paradigmas. Havia reensinado aquele homem a pescar e também a viver, porque não sabia. "Tomé, disse ele, toque minhas mãos. Agora, homem, pare de duvidar e creia!"

E ele creu, e riu da própria incredulidade, abraçado ao Mestre novamente. Ele havia voltado pra casa! Todos comeram juntos e o Mestre se despediu entre as nuvens.

Foi na praia no dia seguinte que pode pensar em tudo que havia ocorrido. O Mestre havia voltado pra casa como tinha avisado. E haveriam de estar juntos um dia novamente! Dali em diante esse seria o seu amanhã. E cria que podia viver para esse amanhã somente. Pela janela aberta via a pesca, as nuvens, o Mestre. O trabalho, a recompensa, o reencontro.




01 junho 2010

um mundo pra finalizar


Alguns podem até entender o que voce quis dizer
Mas a maioria só vai estar la para te abater
As vezes parece que o sono dominou o mundo
Como acordar alguém de um sono tão profundo?
A mente vagueia pela noite escura em busca do seu lugar
O corpo vai atrás, captando com os sentidos até o que não dá pra explicar
Fiel mesmo é a música. Te segue do berço à cova em alto tom
Dando sentido às atividades da mente do corpo em forma de som

Mesmo triste voce sorri
Seus olhos continuam iguais
Mas o entorno deles não mais

Um ovo pra fertilizar
um pulso pra estabilizar
um corpo pra desodorizar
uma vida pra infernizar
uma criança pra traumatizar
jovens pra modernizar
cidadãos pra aterrorizar
gerações pra dessensibilizar


Obsessão te faz trabalhar noite dia atrás dos mesmos sonhos
E a sensação de estar sendo observado por um mundo medonho
Quão desapontados ficariam os Inventores Idealistas Pioneiros Desesperados Filósofos Mortos
Ao ver tanto potencial em nossas mãos desperdiçado em pura ganância?
Sou eu um prisioneiro dos meus instintos ou os meus pensamentos são livres como barcos desamarrados do cais?
Assim como a musica é liberta do coração,
O seu tempo livre é para libertar mentes ou fechar essa prisão?

Noite após noite..
voce apaga a luz e o sono não vem
Não pode ser só isso.. tem que haver algo além!


Uma mesa pra organizar
um produto pra mercantilizar
um mercado pra monopolizar
uma causa pra indenizar
líderes pra escandalizar
inimigos pra neutralizar
fúria pra tranquilizar
armas pra sincronizar
cidades pra vaporiz--.

Ize of the world - The Strokes
tradução livre leve solta

02 maio 2010

O romance está morto

A juventude... nós, eles, aquela espécie esquisita, sempre indignados com o mundo e bravos consigo mesmos. Depois que os desenhos na TV perdem a graça, o que vêem pela frente é o chato mundo dos adultos (aqueles que saem todo dia pra trabalhar e depois desabam no sofá depois de tentar colocar a casa em ordem). 

Os jovens.. o mundo é deles. Sabem o que querem, podem, fazem. Descobrir que não há mais cordão umbilical é o fato que muda sua história, e a sua história é a história de toda a humanidade. Não importa o que veio antes, quantas bilhões de pessoas já viveram aqui, já experienciaram seu primeiro beijo, já viram um pôr-do-sol, já se machucaram por amor. Eles se perguntam qual a importância de Napoleão na sua vida, ou da civilização Azteca? Nenhuma. Nenhuma mesmo!
O centro é o seu umbigo, agora sem cordão. Descolado, ele escolhe o que entra e sai. 
Eles tem orkuts, facebooks, 563.6934 amigos online no msn, colocam frases bacanas no twitter.
Mas não há romance nisso tudo.
Música serve pra fazer ringtones. Roupa é pros outros verem. Corpo tem um formato certo.
Eles se reúnem na rua, com os casacos de surf, tênis de skate e boné de aba reta. Minissaias e all-star de estampa xadrez.
Mas não há romance ali
Pensam que só porque beberam algumas latinhas podem agir como canalhas. Levam a mente e o corpo até o limite, só pra ver até quando o motor agüenta. 
Falta romance. 
Mas não daquele romance do homem conquistando sua amada. Não o romance meloso, que também falta, mas deveria ficar entre quatro paredes.
Falta o pensamento romântico, aquele de Martin Luther King, de sonhar com um lugar melhor pra todos. O romantismo de John Lennon, de imaginar um mundo melhor, de sermos irmãos, de se levantar e enfrentar a injustiça alheia. Falta o romantismo nas palavras, nas escolhas. Aquele da não-violência de Gandhi. O romantismo que vê o trabalho humano atrás de cada objeto, e a criação de Deus em cada pessoa. Falta a ideologia de viver com princípios, respeito às mulheres, respeito a opiniões diferentes, falta honra, falta palavra. Viver fora disso é fácil, assim como o só falar e não fazer, o maior perigo dos idealistas. Morre o romance e vão nascendo monstros.
O jovem quer, pode, faz. O mundo é mesmo deles, é nosso. O que torna o futuro sempre um lugar perigoso.

10 abril 2010

escrava dos escravos



Woman Is The Nigger Of The World


Mês passado comeramos o dia internacional da mulher, mas quando paro pra pensar sobre as mulheres da minha vida. Minha mãe e avó, irmãs, primas, amigas, professoras, alunas, namoradas....hehehe....

Vejo a escravidão de suas almas, transformamos essas mulheres em prisioneiras. Algumas buscam a liberdade, outras se convencem de que são livres, e outras preferem ser vitimas dessa escravidão!!!

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A mulher é o escravo do mundo
Sim, ela é...pense nisso
A mulher é o escravo do mundo
Pense nisso...faça algo sobre isso

Nós a fazemos pintar o rosto e dançar
Se ela não for uma escrava, dizemos que elas não nos amam
Se ela é real, dizemos que ela está tentando ser um homem
Enquanto a colocamos pra baixo, fingimos que ela está por cima

A mulher é o escravo do mundo, sim ela é
Se você não acredita, dê uma olhada em quem está contigo
A mulher é o escravo dos escravos
Ah, sim...

Nós a fazemos parir e criar nossos filhos
E depois as deixamos de lado por serem mães gordas como galinha
Nós dizemos que elas só devem ficar em casa
E depois dizemos que são muito anti-sociais para ser amigas

A mulher é o escravo do mundo, sim ela é
Se você não acredita, dê uma olhada em quem está contigo
A mulher é o escravo dos escravos
Ah, sim...

Nós a insultamos todo dia na TV
E nos perguntamos por quê lhe falta coragem ou auto-confiança
Quando jovens, tiramos delas a promessa de liberdade
Enquanto as mandamos serem pouco inteligentes, as culpamos por serem tão burras

A mulher é o escravo do mundo, sim ela é
Se você não acredita, dê uma olhada em quem está contigo
A mulher é o escravo dos escravos
Ah, sim...se você acredita em mim, melhor gritar sobre isso!

John Lennon




01 abril 2010

laranjada


era uma vez uma laranja.
não era laranja, nem amarela: era verde.
na pilha com as irmãs ela se destacou.
foi escolhida, viajou muito.
andou de caminhão, de carro, de carrinho.
conheceu novos lugares. novas pessoas.
morou um tempo no pólo sul.
adorava aquela brisa quente que por vezes soprava.
foram muitas experiências até que amadureceu.
...
na mesa de jantar, a surpresa:
ela era descascada, descascada, descascada...a cobrinha não tinha fim.
até que se chegou a um pequeno caroço, no centro de tudo.
casca e caroço.
só.
...
era uma vez uma laranja-casca-amarela.
que não era mais laranja. era só casca amarela.
foi pro lixo.

10 fevereiro 2010

Virtual


Entrei faminto no restaurante. Escolhi uma mesa bem afastada do movimento, pois queria aproveitar o momento de que dispunha para relaxar, depois de uma manhã cansativa consertando bugs de um sistema.

Pedi um filé de peixe, uma salada e um suco de laranja, comida bem leve.

Abri meu notebook e levei um susto com aquela voz baixinha atrás de mim:

— Tio, dá um real?

— Pô, nem da garoto!

— Só uma moedinha pra comprar um pão aê tio!

— Beleza, compro um pra você.

Minha caixa de entrada estava lotada de e-mails. Fico distraído. Ah, essa música me leva a Londres e a boas lembranças .

— Ô tio, pede aê pra colocar margarina e queijo também?

Percebo que o menino está com muita fome.

— Opa, beleza, peço sim!

Chega a minha refeição e junto com ela o meu constrangimento. Faço o pedido do menino, e o garçom me pergunta se quero que mande o garoto ir. Meus resquícios de consciência me impedem de dizer. Digo que está tudo bem.

— Deixe-o ficar. Traga o pão e mais uma refeição decente pra ele, por favor!

Então o menino se sentou à minha frente e perguntou:

— Tio, o que você está fazendo?

— Estou lendo uns e-mails.

— O que é isso?

— São mensagens eletrônicas mandadas por pessoas via internet.

Sabia que ele não iria entender nada, mas a título de livrar-me de maiores questionários disse:

— É como se fosse uma carta, só que via internet.

— Tio, você tem internet?

— Tenho sim, é essencial no mundo de hoje.

— Como é a internet, tio?

— É um local no computador onde podemos ver e ouvir muitas coisas, notícias, músicas, conhecer pessoas, ler, escrever, sonhar, trabalhar, aprender. Tem tudo no mundo virtual.

— E o que é esse virtual, tio?

Resolvo dar uma explicação simplificada, novamente na certeza que ele pouco vai entender e começar a comer.

— Virtual é um local que imaginamos algo que não podemos pegar ou tocar. É lá que criamos um monte de coisas que gostaríamos de fazer. Criamos nossas fantasias, transformamos o mundo em quase como queríamos que fosse.

— Legal esse virtual. Gostei!

— Garoto, você entendeu o que é virtual?

— Sim, tio, eu também vivo nesse virtual.

— Você já acessou a internet alguma vez?

— Não tio, mas meu mundo também é desse jeito... Esse virtual ai. Minha mãe fica todo dia fora, só chega muito tarde. Eu fico cuidando do meu irmão pequeno, que vive chorando, as vezes dou farinha de milho para ele pensar que é uma comida gostosa. Minha irmã mais velha sai todo dia, diz que vai vender o corpo, mas eu não entendo, porque ela sempre volta com o corpo. Meu pai está na cadeia há um tempão. Mas sempre imagino nossa família toda junta em casa, muita comida muitos brinquedos de Natal, e eu indo pra escola e virar médico um dia. Isso não é virtual, tio?

Fechei meu notebook, segurei antes que as lágrimas pudessem cair sobre o teclado. Esperei que o menino terminasse de literalmente 'devorar' o prato dele, paguei a conta e dei o troco ao garoto, que me retribuiu com um dos mais belos e sinceros sorrisos que eu já recebi na vida, e com um 'Brigado tio, você é legal!'.

Ali, naquele instante, tive a maior prova do virtualismo insensato em que vivemos todos os dias, enquanto a realidade cruel come de verdade, e fazemos de conta que não percebemos!