se desprender da vida bandida
levar tudo consigo pro precipício
pela maré arrastada, nadava perdida
tinha tudo isso em mente, desde o início
o mundo a olhava de canto
queria ser feliz entre humanos
mas já nao via sequer um encanto
um a um, foi se enxendo de danos
por um momento a lucidez
sentiu falta do lar
mas em meio a embriaguez
era impossível acordar
aliada ao "faz de conta"
sonhava um lindo romance
mas o real não perdoava:
não se tem segunda chance
se atirou e morreu
a ninguém fez falta
só um ente percebeu
cadê a magrela e alta?
22 março 2007
os últimos versos de uma "mulher fácil"...
21 março 2007
Preito ao triângulo
19 março 2007
em qual sentido?
Quando ouvimos pegadas sendo dadas, quando sentimos que o bem e o mal se aproximam, um segundo em nossas mentes é o bastante para que o pensamento se liberte.
Liberdade é aquilo que todos queremos ter, ou ser, e às vezes até achamos que temos. Talvez sim... talvez não, o fato é que quando estamos diante de lugar e momentos singulares, e a chuva começa bater em seu rosto, a bela paisagem lhe confirma: enfim a encontramos.
Encontrar o que queremos na vida é provavelmente uma das coisas mais difíceis. Além de sempre ter que passar sobre vários poréns, quando o canhão de luz reflete apenas o "objeto" desejado, aparece aquele pensamento: será que andei pelo caminho certo.
A cada hora que passa escolhemos tantos caminhos diferentes que nunca, ninguém consegue dar exatamente os mesmos passos que outra pessoa. Mesmo que exista alguém que você admire tanto a ponto de querer fazer tudo que ele(a) já fez, é impossível.
E impossível é não achar que o pensamento é a chave pra que num mundo como o nosso nada faça sentido.
16 março 2007
Saborear saboreando
Abre a janela
Agarra a luz com as mãos dos olhos
Sente o cheiro suave das nuvens
Ouve o ritmo
que brota em teu peito
deixa bater e deixa sair
junto com o ar dos pulmões
Inspira o momento
e dança como se ninguém
estivesse vendo
09 março 2007
08 março 2007
agora pensa!
Ele sonhava...sonhava.
O horizonte parecia tão apagado.
Suas mãos apenas acompanhavam o movimento.
E sobre seus ombros um grande vazio.
O olhar tão longe não faz sentido
Continuar o que parece não ter fim?
Solucionar suas dúvidas era prioritário.
E enxergar de perto dava maior segurança.
Apenas pare e saiba observar.
Assim questões são respondidas.
06 março 2007
bicudo
o brasileiro ernesto bicudo representava pela terceira vez consecutiva essa nação apaixonada pelo esporte. era ídolo. figura tarimbada nos cadernos esportivos e nos grandes veículos de comunicação. eram os últimos dias de preparação para o XXXVIII Campeonato Mundial de Bolinha de Sabão.
se mostrava confiante em todas as coletivas. queixo erguido e demonstrações de que dessa vez traria um melhor resultado do que o bronze alcançado em bangalore. pronto para a glória. decidido a se consagrar como o maior nome de todos os tempos, número um no hall da fama.
entretanto escondia de todos, inclusive de seu treinador, uma grave lesão. lhe ocupava a cabeça o pensar que esta poderia ser sua última participação em campeonatos de alto nível devido a contusão que durante os últimos 6 meses vinha lhe incomodando. o problema era o mesmo que já havia aposentado grandes nomes do desporto, como john smack, álvares bitoca e geovanni baccio. a temida contusão no lábio inferior, conhecida genericamente por todos como "contratura do biquinho".
biquinho......isso mesmo, biquinho. sentia dores horrendas cada vez que encolhia as bochechas, projetava os beiços e assoprava. durante os treinamentos segurava duro, precisava da confiança da sua comissão técnica. não podia se abater. se mantinha focado! mas bastava seus próximos se afastarem e pronto. chorava em prantos, abria o berreiro. era quase triste a cena.
...enfim, resumirei a historia pra vocês.
semifinal da trigésima oitava edição do campeonato e bicudo, que agora já confidenciara a sua tia doca seus problemas, enfrentava o campeão da turquia. sujeito marrudo, um brucutu. com técnicas otomanas de segurar o potinho com sabão, era um desafiante e tanto!
ernesto tentava contornar aquele sentimento. pensava em tudo que vivera até ali. o famoso "filminho" que todos dizem passar em momentos especiais. ao fundo, nos camarotes, tentava enxergar sua querida tia e quem sabe dali reaver suas forças. ela num gesto carinhoso segurava um cartaz, com as singelas palavras: SEGURA O CHORO MULEQUE!!....e ele segurou, segurou, agüentou firme! venceu o turcão pela vantagem de apenas 8 bolinhas.
e agora a um passo do grande objetivo e diante de tanto esforço, tanta luta, e momentos inesquecíveis só lhe passava em sua cabeça um estranho pensamento: "fazer bico e chorar...ah isso eh normal num eh!?"
02 março 2007
sol e lua
o teclado é prata. e os raios num tom de azul calejado. em meio ao breu, ele ousa acender. a estranha melodia será ouvida novamente. por todos os dois.
com os olhos agora abertos e voltados para o alto, balança a cabeça. olha para o lado e vê aquele ser querido, que com o tempo ruma ao silêncio e o caos, todavia sempre calçando suas presenteadas e queridas pantufas.
mesmo parecendo ser água, a caninha tem seu cheiro característico. escova a cremalheira. através da veneziana vê outras janelas, fechadas. e também um painel, parecem distribuir senhas. talvez seja o inss e aqueles velhinhos maltratados por todos nós.
o ruído do portão, o olhar, e às vezes o cumprimento. rápido e raro. outro movimento, diferente, contínuo, são 6h13min42seg, sol e lua ainda dividem o pequeno teto. ele ali, parado, esperando a resposta. cadê ela?
algumas dezenas de passos, centenas até. ao ver aquela insígnia estampada em uma tora oriunda da serra da mata, ele relaxa. mas seria a melhor opção?
um novo sinal e já são quatro rodas a mais, centenas de destinos e um guia. somente um guia. ah, mais um fiscal é claro. afinal, o teletransporte é uma obrigação do estado.
segue para o piso superior. no vidro embaçado pela gordura do dia anterior, sua imagem não pode ser refletida. mas por quê tentar vê-la? por quem ele procura jamais se importaria com isso...