el sonido de los bermudas

15 dezembro 2007

Parte 6

Escolheu uma pedra no chão. era branca, com rajadas pretas. Lembrou-lhe de Kasotoru, o tigre branco, que o tinha abandonado mais uma vez em um momento crítico! E lembrou-lhe também de Corinto, uma cidade não muito longe - era a segunda cidade ao sul - em que os habitantes tinham o estranho hábito de chorar constantemente. na rua os namorados se amavam chorando, a doceira vendia seus quitutes aos prantos e todos choravam ao assistir ao palhaço choradinha na praça principal. e todos eram felizes, chorando
Se concentrou entao no momento. Teria que derrotar o gigante ali, agora. Talvez nao aguentasse outra paulada daquelas.
O seixo encaixou perfeitamente no courinho do estilingue. aquilo era bom.
Girou a funda no alto. O gigante ergueu a espada e cerrou os dentes, dando uma profunda fungada. Girou a funda mais uma vez agora mais rápido. O gigante, de peito cheio, chutou a terra para trás ganhando impulso, quando de repente
HOOU! - um homem bradou do meio da multidão ao redor. Todas as tropas se voltaram para o homem que passava entre os soldados em passo apressado. Era um dos sábios da corte do rei.
LOOK AT YOU! ele vinha com a mão estendida na direção do menino. Look at you! gritava sério ao menino
O menino parou para analisar-se: os pés bem abertos, o braço no alto, a pedra ainda balançava na funda sossegadamente...então se desfez da pose e aguardou a bronca cabisbaixo.
Look at you. É o meu nome, Luca Tjhio. e estendeu a mão mais uma vez ao menino para cumprimentá-lo, com um sorriso.
Aquele era o ancião mais diferente que o menino ja tinha visto. Era robusto apesar da idade, tinha tatuagens por todo o corpo em muitas línguas estrangeiras e a mochila cheia de rolos (livros) nas costas dizia que era um viajante. Apresentados os dois, ele começou:
-Veja bem meu jovem, se tomarmos em conta a dualidade partícula-onda da luz, acharemos que dois cotilédones ligados em série deslizando sobre um plano sem atrito gera uma carga psico-fluida. E surpreendentemente, e=mc² se, e somente se, o obsceno da meretriz do angulo Theta for um semi-tom abaixo de ré sustenido.
Foi como se o mundo inteiro tivesse ficado preto para que os dois pudessem conversar e devanear sobre tudo: sobre a física do que é físico, sobre a metafísica do resto, sobre aquilo que não faz sentido nem pra quem fala, etc.
-Mas lembre-se menino Davi, não há limites para a criação de livros e o muito pensar o deixará exausto. De tudo que temos dito a suma é: você é uma peça de xadrez. No entanto, aquele que te move no tabuleiro é um enxadrista fantástico! Não se esqueça disso. Ah! soh mais uma coisa, lance a pedra mais de baixo para dar um top-spin! -e deu uma ligeira piscada de olho.

Entao ele seguiu viagem sem olhar para trás, contemplando a paisagem. O menino voltava para a cena da batalha que travava. Seus óculos tinham sido limpos mais uma vez. Podia ver agora que não importava o que aconteceria. Teria que acontecer mesmo. Já havia gasto muito tempo e muito coração naquela luta. E o gigante não parecia mais tão grande quanto antes. Era hora de dar um top-spin na testa.

continua...

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