el sonido de los bermudas

10 janeiro 2008

Gauji

Certa vez, houve uma grande tempestade. Dessas que fazem do dia a noite. Os animais do recife de coral desapareceram horas atrás, como se ouvissem anunciaçao da catastrofe, prevendo o abalo das estruturas de coral do delicado ecossistema.
Eu tinha me perdido da minha mãe e das outras baleias. Tinha mais ou menos um ano de idade quando isso aconteceu e jamais tinha me separado do grupo antes. Nós Minke não somos baleias grandes, mas eu ja era grande o suficiente para nenhum outro animal marinho se meter a me enfrentar, a nao ser orcas ou tubaroes brancos, mas ainda nao tinha noçao disso e tinha medo de tudo. O mar estava absolutamente escuro e agitado e, enquanto subia para a superfície para tomar fôlego, chamava por minha mãe, sem resposta. A tona, a mesma escuridão e só o que se ouvia eram os relampagos e a água despencando sobre as ondas revoltas, violentas, frias e assustadoras.
Eu tava aterrorizado. tinha medo da superfície, porque játinha ouvido falar dos mais velhos estórias sobre baleias que eram abduzidas por seres terrestres, sombras misteriosas na superfície. minha mae me falava pra não acreditar, mas ali estava eu, sozinho, lembrando de todas as estórias e nadando o mais rápido que podia para longe da superfície.
Uma luz se projetou nas minhas costas. eu podia ver o meu contorno na minha frente, vinha da superfície! pronto. minha vez tinha chegado, seria levado pelos seres terrestres de que ouvira falar. parei pra pensar em tudo que eu podia e pensei tambem no medo que sentia e, naquele momento, tive o pensamento que mudou minha vida. Eu gostava do medo. Era um viciado na sensaçao de perigo e na adrenalina liberada. Me deixava ser tomado pelo terror porque podia sentir cada parte do meu corpo ao mesmo tempo, e pensar milhoes de coisas sem pensar em nada. Agora eu estava no controle. Se sentia medo era porque queria, porque gostava. Ele tinha sido domesticado. Hoje eu nado tranquilamente na superficie, mesmo ao lado de grandes embarcações. Quer dizer, nadava. Neste momento estou no deque de um navio baleeiro japonês e daqui a pouco vao me estripar vivo como fizeram a esse outro do meu lado. Mas nao faço drama. Nao me incomoda o modo como me pegaram. os homens não sao mais violentos que nós animais na hora de caçar o alimento. Todo dia no reino animal eh um bicho comendo o outro, eh a natureza, o ciclo da vida, como quiserem chamar. O que incomoda mesmo é que eu sei que os humanos tem essa capacidade de mostrar respeito, mas parece que nao querem, preferem a moda animal mesmo. Nao espero isso deles, porque sequer conseguem se respeitar entre si mesmos.
Meu nome é Gauji, sou uma baleia Minke e também tenho sopro de vida nas minhas narinas.

3 comentários:

Anônimo disse...

curti o profile vietcong! hehe

Anônimo disse...

tem q encarna msm! hehe! jah dei um copy! hehe

Davi disse...

pirou nessa foto noturna neh!