el sonido de los bermudas

18 novembro 2006

Parte 4 - A Guerra

Era uma tarde quente, abafada. Do tipo que você, sem fazer nada, fica todo suado. Na noite anterior o menino Davi não tinha conseguido dormir bem. Sentiu calafrios que, sabia, não eram vento, não eram do frio. Algo estava para acontecer naquela antiga cidade.
No dia anterior, o menino e Kasotoru haviam percorrido toda a cidade em busca de informações que lhes explicassem onde e, principalmente, em que época estavam.
O rei havia ordenado a construção de uma torre que alcançasse os céus e que, assim glorificasse seu nome. A obra havia se iniciado: usavam tijolos queimados e piche, os andaimes já ultrapassavam a altura de um eucalipto adulto e havia muitos trabalhadores, que vinham de todos os lados trazendo os materiais.
Os dois observavam de longe, no topo de um morro, aquele audacioso trabalho de engenharia quando uma voz masculina atrás deles declarou com autoridade:
-Eles são um só povo e falam só uma língua. Em breve, nada poderá impedir o que planejam fazer.
O maior susto, porém, foi ver a quem pertencia aquela voz.
Era um homem alto, forte. Olhos cintilantes quase encobertos pelo véu que usava em toda a cabeça. Dos ombros descia uma capa cor de abóbora esvoaçante e na mão esquerda...um cetro. Era ele. O mesmo homem com que se depararam dias atrás naquela mesma cidade, o qual parecia sempre desaparecer de vista.
Enquanto o menino, em estado catatônico mais uma vez, tentava controlar os arrepios e a gagueira ao perguntar quem era aquele homem, este se retirou para detrás de uns arbustos. Tinha sumido de novo.

Enquanto desciam reparam certo tumulto na cidade. As pessoas corriam para suas casas e tropas reais armadas com espadas e armaduras rudimentares corriam pela rua principal.
-Vocês!
Um soldado empunhava sua espada na altura do pescoço do menino.
-O rei quer vê-los.
Uma tropa os escoltou até o palácio real: Uma construção gigantesca com diversos patamares ornados de plantas exóticas, como jardins suspensos.
O rei era um homem forte de barbas compridas e estava em pé em sua sala real, vestido com uma armadura parruda e muito bem polida, cheia de ornamentos. Olhou para o menino rapidamente sem se impressionar, dirigindo seu olhar para o tigre e ali pousando-o, com sobressalto.
-Tive um sonho esta noite. Nele, a cidade estava para ser destruída por um inimigo vindo do oeste, com guerreiros capazes de esmagar um homem com os dedos ("nefilins" pensou o tigre). No entanto, a cidade foi salva por um guerreiro e um tigre. Salva-nos e seremos eternamente gratos!
Sem tempo para qualquer resposta, foram levados para fora da cidade, passando por vários regimentos de tropas acampadas até avistarem ao longe um acampamento diferente, de onde saiu um homem. Mas aquele estava longe de ser um homem comum.

Anoitecia e milhares de tochas se acendiam em volta do menino. Sua mente só pensava em como iria enfrentar aquele adversário. Se sentia preparado para tudo, mas aquele oponente...
Seus passos eram estrondosos e no mesmo ritmo outros soldados gritavam "Goliash! Goliash!"
E o gigante se aproximava....

continua..

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